Há
momentos em que o cinismo de um político ou de um governo “de
esquerda” chega a ser mais repugnante que a tradicional patifaria de direita, da parte do PSDB, ou do DEM, etc.
Estamos exagerando?
Tomemos
por exemplo o caso do transporte em Jundiaí. Temos aqui um governo
“comunista”, ou “democrático” e “popular” como gostam de
dizer, conduzido pelo partido “comunista” e pelo partido “dos
trabalhadores”. Comecemos do começo, da campanha eleitoral que
levou Birgardi ao governo. A primeira coisa é que prometeram. E
prometeram, e prometeram. E prometeram mais um pouquinho, e
continuaram prometendo, até o dia da eleição.
Como
estamos tratando da miséria política desse governo pela ótica do
transporte “público”, não diremos nada dos mundos e fundos que
prometeram para a educação e a saúde municipais: deixaremos isto
para depois. Vamos nos ater muito simplesmente, e de um modo geral, à
questão do transporte, mobilidade urbana.
Fizeram
o povo acreditar que, sob o governo de Bigardi, a tarifa se reduziria
para o uso durante a semana, e que seria implementada a tarifa dita
“social”, como se a possibilidade de embarcar numa lata velha após
esperar por até duas horas, a R$ 1,00 nos finais de semana, fosse
alguma obra de caridade que se oferece aos necessitados.
Até
que um dia, as jornadas de junho estouram, e chegam a Jundiaí. Um
dos pontos fortes da mobilização em nível nacional foi
precisamente a questão do transporte, da mobilidade urbana, e
atingiu em cheio o atual governo. E Birgardi, anuncia o quê? Que a
tarifa não será aumentada, mantidos os R$ 3,00, esquecendo
solenemente o compromisso de campanha, isto é, a redução da tarifa.
O
que ele não anunciou foi que o subsídio dado aos empresários de
ônibus da cidade seria aumentado, equivalendo aos R$ 0,20 a mais para
o usuário, na catraca. Quer dizer, não apenas a tarifa foi SIM
aumentada, como o custo desse aumento foi repassado ao contribuinte
de um modo geral, incluindo os ciclistas e pedestres que não tomam
ônibus, porque não querem, ou porque não têm dinheiro para pagar
tarifa tão cara. De um modo muito simples, o trabalhador jundiaiense
está sendo feito de otário.
Resposta:
as ocupações do Terminal Central
A
reboque das grandes mobilizações de junho, formou-se em Jundiaí um coletivo de
luta, chamado Movimento Popular Unido, MPU. No dia 11 de julho, o MPU
decidiu dar a sua contribuição ao dia nacional de lutas que os
trabalhadores queriam encampar aqui na cidade, embora as direções sindicais de
Jundiaí e região tivessem feito de tudo para desmobilizar os
trabalhadores e desmoralizar e sua vontade de luta, impedindo os
trabalhadores de pararem a produção ou fazendo com que voltassem ao
trabalho duas horas depois de pararem.
A
postura de luta foi a de ocupar o Terminal Central, parando a
bilheteria e abrindo os portões para o povo. No dia 9 de julho o MPU
tornou a ocupar o Terminal, em horário de pico, abrindo os portões
para centenas e centenas de trabalhadores.
E
como o atual governo, como qualquer outro governo da burguesia, parece
ter uma fixação em prometer e não cumprir, garantiram, durante
uma reunião ocorrida no Paço Municipal no dia 3 de julho, que uma
verdadeira audiência pública sobre transporte seria realizada
apenas quinze dias após. É claro que mentiram quanto a este
assunto, de maneira que a tal audiência só foi ocorrer no dia 21 de
agosto, e por causa da pressão popular. Nessa
audiência do dia 21, ocorrida na Câmara, provaram por a + b que a
tarifa não pode ser reduzida por questões econômicas, ou técnicas,
ou por qualquer outro motivo...
E
agora?
Enquanto
a tarifa não baixar, a luta dura e direta que temos feito, por exemplo
por meio das ocupações de terminais rodoviários, não apenas não
vai parar, como irá se fortalecer. Defendemos
a redução imediata da tarifa, rumo à municipalização/estatização
e à tarifa zero.
Esta
é a posição da CSP-Conlutas: entendemos que a massa de milhões
que ocupou as ruas durante as jornadas de junho deve voltar à
mobilização, e que somente a luta popular pode modificar as reais
condições da sociedade e da vida.
Defendemos
a realização de assembleias populares DELIBERATIVAS, e não apenas
consultivas como quer o governo, para que o população DECIDA como
deve ser e quanto deve custar o transporte, que só será público
quando for tomado das empresas privadas.
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